A 1ª sessão das Leituras FLASH aconteceu no dia 5 de dezembro de 2011. A última no dia 4 de abril de 2014. Entre uma e outra, conto, no total, 15 sessões dedicadas a vári@s autor@s em vários espaços do Porto. A ideia que esteve na base de todas elas foi simples: escolher um(a) autor(a), depois um lugar (público e acessível), preparar uma pequena antologia, chamar @s amig@s, @s conhecid@s e aparecer.
Na base deste processo, que nada tinha de complicado, estiveram sempre o prazer de ler em voz alta e de partilhar, com quem quisesse participar, parte do trabalho do(a) autor(a) em questão. Nenhuma sessão se pareceu com as outras. Cada uma delas gerou reações, dúvidas, inquietações e perguntas diferentes daquelas que tinham sido partilhadas há um mês atrás ou daquelas que viriam a ser partilhadas depois. Nem tod@s @s intervenientes estudavam literatura, sequer tinham por hábito ler, e ninguém — acredito — tinha a mesma idade. Isto pareceu-me e continua a parecer-me maravilhoso.
Lado a lado, a própria dinâmica das sessões e o nome que resolvi dar-lhes, FLASH, muito tiveram de irónico. Se a correria dos dias — que tende a acelerar cada vez mais — nos impede de ler, especialmente na companhia d@s outr@s, aproximar (com todo o espírito crítico e humor que houver) o conceito "leituras" de "Flash" ensina-nos efetivamente que, caso 5/10/20 leitor@s tirem 1h das suas vidas apressadas para ler em conjunto, o período de leitura durará mais que 1h. @s participantes das Leituras FLASH eram, às vezes, bastante mais irónicos e claros do que eu: por exemplo, 5h não bastaram para ler Ovídio numa tarde em janeiro.
Para além de Ovídio, lemos Manuel Bandeira, Adília Lopes, W. H. Auden, Fernando Assis Pacheco, Mário de Sá-Carneiro, Guillaume Apollinaire, Almada Negreiros, Manuel António Pina, Manoel de Barros, José Craveirinha, Sophia de Mello Breyner, J. W. Goethe, Yvette Centeno, Paulo Leminski e Marguerite Duras. Passamos pela Estação de comboios de São Bento, pela Rua Santa Catarina, pelos jardins, Anfiteatro exterior, Bar dos Estudantes, Bar dos Professores e Torre A da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pela Praça da Liberdade, pelos jardins do Palácio de Cristal, pela Rotunda da Boavista, pela Arcádia: Casa do Chocolate, pela Casinha Boutique Café, pela Casa Agrícola, pelo Jardim Botânico, pela Rota do Chá e pela Galeria de Paris.
Se as circunstâncias mo permitissem, continuaria a fazer o mesmo: escolheria um nome, mais tarde um lugar no Porto, prepararia um conjunto de textos e, no dia, à hora marcada, lá estaria para ler convosco. Alegra-me, no entanto, saber que, feitas várias amizades ao longo destes últimos meses, as leituras coletivas, como o foram sempre as Leituras FLASH, dificilmente irão terminar.
De qualquer modo, acredito que agradecer-lhes, num qualquer dia ou em qualquer hora, é, apesar de pouco, necessário e justo. Muito obrigada pela companhia e por todas as coisas que me foram ensinando.
Um forte abraço e até breve.